segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Morre a Eterna Sapoti

Faleceu na madrugada desse último dia 29 uma das últimas Rainhas do Rádio, Ângela Maria, em decorrência de uma infecção. "Comecei a cantar com 12, 13 anos na Igreja Batista. Eu fugia do culto e ia para a rádio participar do programa de calouros. Ganhei todos os concursos de rádio sem a família saber. Escondia (os prêmios) dentro de uma caixa de sapato embaixo da cama", revelou a cantora em entrevista há um ano para o programa "The Noite", de Danilo Gentili.

Nome artístico

Abelim Maria da Cunha nasceu em Macaé, no Rio de Janeiro. Ela passou a infância em Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti. Filha de pastor protestante, desde menina cantava em corais de igrejas.

Ela foi operária tecelã e inspetora de lâmpadas em uma fábrica da General Eletric, mas queria ser cantora de rádio apesar da oposição da família.

Por volta de 1947, começou a frequentar programas de calouros e passou a usar o nome Ângela Maria, para não ser descoberta pelos parentes.



Apresentou-se no “Pescando Estrelas”, de Arnaldo Amaral, na Rádio Clube do Brasil (hoje Mundial); na “Hora do Pato”, de Jorge Curi, na Rádio Nacional; no programa de calouros de Ari Barroso, na Rádio Tupi; e do “Trem da Alegria” - programa dirigido por Lamartine Babo, Iara Sales e Heber de Bôscoli, na Rádio Nacional.

Era do rádio

Em 1948, começou a cantar na casa de shows Dancing Avenida, onde foi descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho. Eles a apresentaram a Gilberto Martins, diretor da Rádio Mayrink Veiga. Após um teste, ela começou carreira na emissora.

Em 1951, gravou pela RCA Victor os sambas “Sou feliz” e “Quando alguém vai embora”. No ano seguinte, sua gravação do samba “Não tenho você” bateu recordes de venda, marcando o primeiro grande sucesso de sua carreira.

Quando decidiu tentar a carreira de cantora, Angela Maria abandonou os estudos, o trabalho na indústria e foi morar com uma irmã no subúrbio de Bonsucesso.

Fonte: G1.com

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Meio Século sem a Voz Orgulho do Brasil

Há exatos 50 anos morria num quarto do Hotel Normandie, em São Paulo, quando se preparava para gravar um programa de televisão, onde seria homenageado pelo Movimento Tropicalista. Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro RJ 12 de setembro de 1894 - São Paulo SP 23 de agosto de 1968). Cantor, compositor e ator. Filho de um casal de imigrantes calabreses e irmão dos cantores João (baixo), Pedro (tenor) e Radamés (barítono), e do ator Amadeu. Começa a cantar aos oito anos no grupo Pastorinhas da Ladeira do Viana. Aprende o ofício de sapateiro com o pai e desenho industrial no Liceu de Artes e Ofícios. 

Desde criança assiste às companhias líricas que passam pelo Rio de Janeiro. Em 1903, aos nove anos, desperta a atenção do tenor italiano Enrico Caruso ao participar de um coro infantil da ópera Carmen, de Georges Bizet (1838 - 1875). A partir do início dos anos 1910, passa a se apresentar em festas, serenatas, casas de chope, teatros de revista, operetas e burletas - principalmente no Teatro São José, em São Paulo, que o contrata como corista em 1915. Nesse ano grava a valsa Flor do Mal (Santos Coelho e Domingos Corrêa), na Casa Édison (RJ). Em 1917, inicia o estudo do canto lírico no Teatro Municipal, depois de recusar convite para estudar em Milão, Itália, devido à proibição de seu pai. Entre 1917 e 1923, canta importantes óperas e operetas e participa de burletas, período em que começa a cruzar o país com apresentações musicais ou teatrais. Também em 1917, grava Urubu Subiu, desafio sertanejo com Bahiano, o cantor de Pelo Telefone. Em 1921, integra o elenco na ópera Tosca, de Giacomo Puccini (1858 - 1924), e Aida, de Giuseppe Verdi (1813 - 1901) no Teatro Lírico. É um dos primeiros a gravar discos pelo sistema elétrico, lançando, em 1928, Santa (Freire Júnior). Em 1929, grava o samba-canção Linda Flor (Henrique Vogeler e Cândido Costa) e o tango-fado Luar de Paquetá (Freire Júnior e Hermes Fontes), pela gravadora Odeon.

*Primeiro disco do Vicente na Odeon, extinta Casa Edison.

É digno de nota e também publicado anteriormente nesse mesmo espaço, um disco inédito em sua discografia, prensado pela Popular, em 1919 ou 1920, mesma gravadora de estreia de Francisco Alves. Em todas as pesquisas feitas na internet, constam apenas três gravadoras, que Vicente gravou: Odeon (1915-1928), Columbia (1930-1934) e Victor (1935-1968), ficando a Popular esquecida - ou desconhecida da maioria dos pesquisadores.

Fã do tenor italiano Enrico Caruso (1873 - 1921) e do ator, cantor e humorista francês Maurice Chevalier (1888 - 1972), Vicente Celestino é dono de uma popularidade que atravessa gerações. Ao lado de Francisco Alves (1898 - 1952), é um dos raros cantores brasileiros (entre tenores e barítonos) que migra com sucesso da era da gravação mecânica - dominante nos anos 1920 e que exige dos intérpretes potente emissão vocal - para a fase elétrica (1927). No novo sistema, A Voz Orgulho do Brasil - como é conhecido - grava cerca de 137 discos em 78 rpm com 265 músicas, 10 compactos e 31 LPs, que incluem reedições dos 78 rpm.

Por fim, fica aqui o raro registro do Vicente na Popular. Peço desculpas aos colegas pela precária qualidade do vídeo, bem como do áudio.


domingo, 8 de julho de 2018

Morre Pioneiro das Gravações Gospel no Brasil

Faleceu nesse último dia 07 de julho o cantor mais antigo em atividade (segundo o Guinness Book), Feliciano Amaral, aos 97 anos. O Pastor estava internado desde o doa 20 de junho em um hospital particular de Porto Velho, Rondônia, onde morava há apenas quatro meses.


Nascido na Cidade de Miradouro no estado de Minas Gerais, era filho de Júlio Augusto do Amaral e de Palmira Maria da Conceição, foi músico, sapateiro e cantor popular. Foi batizado em 7 de março de 1943, na Igreja Batista de Muriaé.


Já na cidade do Rio de Janeiro, estudou Teologia no Seminário Teológico Betel. Pastoreou várias igrejas inclusive a Primeira Igreja Batista da Pavuna, onde foi seminarista. Em 1947 casou-se com Elza Rocha do Amaral.

Começou as atividades como cantor evangélico em 1948, com a gravação do 1º disco de 78 rpm do catálogo da gravadora Atlas, ligada à Convenção Batista Brasileira. Este é um dos primeiros registros sonoros de música evangélica do País, mesmo sendo antecedido de outras produções.



*Um dos primeiros discos compacto do Pastor Feliciano Amaral, ainda em 45 rpm*

Em 1953 foi organizada a Primeira Igreja Batista de Croslândia com membros oriundos da Primeira Igreja Batista de Montes Claros-MG, O pastor Feliciano do Amaral e sua esposa Elza Rocha do Amaral desenvolveu um ministério até 1967 quando retornou a Belo Horizonte. a Primeira Igreja Batista de Croslândia foi a base para organizar outras igrejas na região. O templo foi reformado em 2008 pelo Pr. Cláudio Pereira da Costa com recursos do patrimônio histórico.

*LP prensado no fim dos anos 60*

Conhecido como Rouxinol do Sertão, Feliciano Amaral participou da famosa cruzada do pastor norte-americano Billy Graham, no Rio de Janeiro, em 1974 no estádio do Maracanã.

Feliciano Amaral também está no Guiness Book como o cantor que está há mais tempo em atividade no mundo. No meio evangélico, depois de Feliciano Amaral atuando como cantores vieram Luiz de Carvalho (in memoriam- gravando o 1º LP evangélico em 1958, intitulado "Musical Boas Novas"), Edgar Martins (in memorian), Josué Barbosa Lira (in memorian), Victorino Silva, dentre muitos outros pioneiros da música evangélica desta época.
Feliciano Amaral interpretou canções como: "Oração de Davi", "Céu aberto", "O mar", "Ao meu Redor", "O Rosto de Cristo", "Rio Profundo", "Sou Filho do Rei", "O Jardim de Oração", entre outras.

*Recebendo o título de cidadão pernambucano em 2016*

Em 2003 Feliciano Amaral recebeu um reconhecimento público, quando completou 83 anos, uma Moção de Aplausos e Congratulações da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A homenagem foi requisitada pelo deputado Aurélio Marques, como reconhecimento pela dedicação de Feliciano Amaral à obra de Deus e á música cristã.

Em 2007, o cantor gravou o primeiro DVD ao vivo de sua carreira, em Recife, na Igreja Missionária Canaã do pr. Geziel Gomes.

Em 2010, foi agraciado com a Medalha do Mérito Pedro Ernesto, a maior comenda da Cidade do Rio de Janeiro pelo transcurso de seus 90 anos, foi uma homenagem com a presença de mais de 500 pessoas em solenidade coordenada pelo Pastor Marcos Rodrigues Martins.

*Fonte: Wikipedia
              G1.com.br