Morreu na quinta-feira última o cantor Roberto Paiva, aos 93 anos de idade. A passagem se deu no Rio de Janeiro e o enterro foi no Cemitério São João Batista. A morte não foi notícia de jornal, sendo anunciada apenas por Osmar Frazão, em seu perfil social. Uma perda para a Música Popular Brasileira, Roberto Paiva, embora discreto, foi sempre um cantor muito requisitado por compositores brasileiros.
Roberto Paiva nasceu em 8 de fevereiro de 1921, no Rio de Janeiro, e por lá mesmo foi criado. Teve uma atuação muito discreta na música brasileira, e era considerado um cantor correto, por isso mesmo tão procurado pelos compositores. Em 1956, sua correção é atestada no histórico LP original “Orfeu da Conceição”, com músicas iniciais de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
Iniciou a vida artística como cantor romântico, mas ousou passear por sambas e marchinhas de carnaval. Ainda era estudante do ginásio, no Colégio Pedro II, quando começou sua jornada, vencendo um programa de calouros da Rádio Clube Fluminense, de Niterói, interpretando a valsa “A você”, de Francisco Alves. Cyro Monteiro, então, levou-o para o programa “Picolino”, de Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga. Lá ele conheceu o pianista Nonô e o violonista Laurindo de Almeida, que o levou para a Odeon.
Em 1938 gravou seu primeiro disco, interpretando “Último samba”, de Laurindo de Almeida e a valsa “Jardim das Flores”, de Nonô e Francisco Matoso, acompanhado da Orquestra Odeon. No mesmo ano gravou “Foi um falso amor”, de Dunga, e a marcha “Palhaços azuis”, de Vicente Paiva. Em 1939 gravou, de J. Cascata e Leonel Azevedo a valsa “Ao cair da noite”, e o samba “Longe, muito longe”.
Gravou sempre, nos anos seguintes, com interpretações inesquecíveis de Geraldo Pereira, Nelson Teixeira, Pixinguinha, Ataulfo Alves entre tantos outros.
A história da música perdeu quando ele se recusou a gravar o samba “Falsa baiana”, maior sucesso da carreira de Geraldo Pereira. Em 1944 foi gravado por Cyro Monteiro e Roberto Paiva declarou: “Era de madrugada e o Geraldo, 'meio alto', cantou enrolando as palavras, dando a impressão de que o samba estava 'quebrado'. Um mês depois, ao ouvi-lo na voz de Cyro, descobri que aquela beleza toda era o samba que o Geraldo me oferecera”.
Mas se não gravou “Falsa baiana”, Paiva foi a voz na primeira gravação da belíssima “Se todos fossem iguais a você”, além de ter emprestado sua interpretação única em “Menino de Braçanã”, “Patrão o trem atrasou”, “Palpite infeliz” e tantas mais. Sua discografia é assunto obrigatório dos amantes da música popular brasileira.
Fonte: http://jornalggn.com.br/
Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
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