sexta-feira, 21 de junho de 2019

Centenário de Nelson Gonçalves - Último bastião da boemia

Ele rompeu os anos do iê-iê-iê e da bossa nova incólume - criticando a própria bossa nova e seus intérpretes "um gaiato cantando sem voz um samba sem graça desafinado que só vendo..." e chega hoje aos 100 anos comemorado e lembrado como um dos maiores expoentes da Música Popular Brasileira.*

Nélson Gonçalves, nome artístico de Antônio Gonçalves Sobral (Santana do Livramento, 21 de junho de 1919 — Rio de Janeiro, 18 de abril de 1998), foi um cantor e compositor brasileiro. Segundo maior vendedor de discos da história do Brasil, com mais de 81 milhões de cópias vendidas, fica atrás apenas de Roberto Carlos, com mais de 120 milhões. Seu maior sucesso foi a canção "A Volta do Boêmio".


Nasceu e passou parte da infância no interior do Rio Grande do Sul. Aos sete anos mudou-se com seus pais, portugueses de Lisboa, para São Paulo. Estavam em busca de melhores condições de vida, e foram viver em uma casa alugada no bairro do Brás. Nesta época, passou a ajudar seu pai no sustento do lar, quando passou a ser levado por ele para praças e feiras, onde, enquanto seu pai tocava violino, Nelson cantava, agradando os transeuntes e ganhando gorjetas. Para sustentar a família, seu pai também vendia frutas na feira e fazia serviços de pedreiro.

*Nelson Gonçalves à esquerda e João Dias à direita, década de 50

Sua família era muito humilde e por isto, Nelson teve que abandonar os estudos no início de sua adolescência, para ajudar de fato o pai a sustentar o lar. Trabalhou como jornaleiro, mecânico, engraxate, polidor e tamanqueiro. Querendo ganhar mais dinheiro e seguir uma profissão, se inscreveu em concursos de luta e venceu, tornando-se lutador de boxe na categoria peso-médio, recebendo, aos dezesseis anos de idade, o título de campeão paulista de luta. Após o prêmio, só ficou mais um ano lutando, pois queria investir em seu sonho de infância: Ser artista.

Mesmo com o apelido de "Metralha", por causa da gagueira, tomou coragem e não se deixou levar pelos preconceitos, e decidiu ser cantor, após deixar os ringues de luta. Em uma de suas primeiras bandas, teve como baterista Joaquim Silva Torres. Foi reprovado duas vezes no programa de calouros de Aurélio Campos. Finalmente foi admitido na rádio PRA-5, mas dispensado logo depois, passando a trabalhar como pedreiro.



*Primeiro disco (78 rpm) de Nelson Gonçalves gravado em 1941. Acervo particular.

Ganhador de um prêmio Nipper da RCA, dado aos que permanecem muito tempo na gravadora (50 anos de contrato), sendo somente Elvis Presley o outro agraciado. Durante sua carreira, gravou mais de duas mil canções, 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns, vendeu cerca de 75 milhões de discos, ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina. "Ele foi uma espécie de resistência, juntamente a Luiz Gonzaga. Um defendendo a música nordestina e outro, a música romântica, eles foram resistência na época da Bossa Nova e do ritmo americano trazido pela Jovem Guarda. Nelson alcançou os anos 1990 com grande cartaz nacional", considera Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez.



Para marcar seu centenário, os Correios lançaram um selo comemorativo. O selo será apresentado no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. Quanto às demais histórias do velho Metralha, seriam vãs repetições daquilo que conhecemos... Ou, nas palavras de meu avô, "morre o homem, fica o nome".

Fonte: Wikipedia
            Portal Press
            Diário do Nordeste