quarta-feira, 22 de abril de 2015

Morre o Mestre Camarão

Morreu na manhã desta terça-feira (21), aos 74 anos, Reginaldo Alves Ferreira, mais conhecido como Camarão, um dos maiores mestres sanfoneiros de Pernambuco. De acordo a família do artista, Camarão estava internado há seis dias no Hospital Santa Joana, no bairro do Derby, área central do Recife, onde tratava uma infecção intestinal. O velório acontece na Câmara Municipal do Recife. De lá, na manhã desta quarta, o corpo será levado para Caruaru, no Agreste do estado, onde o enterro acontece na quarta (22), às 14h, no Cemitério Dom Bosco.



O corpo de Camarão chegou à Câmara pouco antes das 19h. Os sanfoneiros Cezzinha, Beto Hortis e Ítalo Costa homenagearam o mestre, tocando durante a cerimônia. Outros artistas, como Cristina Amaral e Geraldinho Lins, também estiveram no plenário, para dar apoio à família. A saída para Caruaru está prevista para as 9h. Na cidade, também haverá um curto velório na Câmara de Vereadores, antes do sepultamento.

TRAJETÓRIA

A página da Fundaj dedicada ao Mestre Camarão informa que ele aprendeu a tocar sanfona observando os movimentos do pai, o sanfoneiro Antônio Neto, e se aperfeiçoou ouvindo Luiz Gonzaga e estudando os métodos de Mário Mascarenhas. Iniciou a carreira artística em Caruaru, onde tocava nas feiras e festas da região.

Aos 18 anos, conheceu Luiz Gonzaga, com quem participou de 28 gravações, entre discos long plays,78 rotações e CDs. Camarão formou com os músicos Jacinto Silva e Ivanildo Leite seu primeiro conjunto musical, o Trio Nortista e, em 1968, criou a primeira banda de forró do Brasil, a Banda do Camarão, e ainda a Orquestra Sanfônica de Caruaru.



Seu repertório era composto por ritmos regionais como o xote, o xaxado, o baião, o forró e o arrasta-pé. Mestre Camarão costumava a acompanhar grandes nomes da música nordestina, como Dominguinhos, Santanna, Marinês, entre outros.

Em 1961, representou Pernambuco junto com o mestre Vitalino no primeiro aniversário de Brasília, a convite do então presidente da República, Jânio Quadros. Em 2002, foi a São Paulo apresentar-se no projeto Sanfona Brasil. Em 2004, participou do projeto O Brasil da Sanfona.

Camarão era casado com Maria da Penha e deixou quatro filhos - Salatiel, Sérgio, Sandro e Tadeu. O artista foi nomeado Patrimônio Vivo de Pernambuco, por meio da Lei estadual nº 12.196, de 2 de maio de 2002.

Fonte: http://g1.globo.com/

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Centenário de Aurora Miranda

Nascida no Rio de Janeiro, Aurora Miranda da Cunha Richaid (20/04/1915 - 22/12/2005), sendo irmã mais famosa de Carmen Miranda. Assim como as outras irmãs (além de Carmen, havia também Cecília, que não seguiu carreira como cantora), gostava, desde pequena, de cantar em casa, alegrando os frequentadores da pensão que a mãe, a imigrante portuguesa Maria Emília, dirigia no Rio de Janeiro.


A pedido do compositor e violonista Josué de Barros (lançador de Carmen Miranda), cantou, antes de completar 18 anos, um número na Rádio Mayrink Veiga; com o sucesso, passou a apresentar- se no Programa Casé, na Rádio Philips. Em 1933, gravou seu primeiro disco, pela Odeon, cantando em dupla com Francisco Alves a marcha Cai, cai, balão (Assis Valente) e o samba Toque de amor (Floriano Ribeiro de Pinho). O disco fez muito sucesso; assim, no mês seguinte, novamente com Francisco Alves, lançou pela mesma etiqueta o fox-trot Você só... mente (Noel Rosa e Hélio Rosa), que se transformou também em grande êxito.

*Aurora e Carmen - as duas irmãs seguiram carreira artística, mas Carmen ganhou o Mundo.

Sempre pela Odeon, gravou a seguir os sambas Fala R.S.C. (José Evangelista) e Alguém me ama (Benedito Lacerda), e a marcha Se a lua contasse (Custódio Mesquita). Começou, então, a cantar em dupla com Carmen Miranda, apresentando-se em 1934 com ela, João Petra de Barros, Jorge Murad e Custódio Mesquita na Rádio Record e no Teatro Santana, em São Paulo/SP. Ainda em 1934, fez sucesso com o samba Sem você (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa) e o samba- canção Moreno cor de bronze (Custódio Mesquita), e lançou seu maior êxito, a marcha de André Filho Cidade maravilhosa, em dueto com o autor, que obteve o segundo lugar no concurso oficial de Carnaval de 1935 e em 1960 se tornou o hino oficial do antigo Estado da Guanabara.


Em 1937 excursionou com Carmen à Argentina e ao Uruguai, apresentando-se com o Bando da Lua. Em 1940, em seu último disco na Victor, lançou o samba Paulo, Paulo (Gadé), em dupla com Grande Otelo (cujo nome não figura na etiqueta), e o maxixe Petisco do baile (Ciro de Sousa e Garcez).

Em 1956 apresentou- se no show de Carlos Machado Mr. Samba, em homenagem a Ary Barroso. No mesmo ano, regravou em LP pela Sinter oito antigos sucessos seus, e lançou dois discos pela Odeon, encerrando sua marcante carreira, em que deixou gravados 81 discos e 161 músicas em 78 rotações.

Em 1990 cantou o fox Você só... mente, no filme Dias melhores virão, de Carlos Diegues. Em 1994 regravou com Sílvio Caldas o samba Quando eu penso na Bahia (Ary Barroso e Luís Peixoto), dueto lançado no CD Songbook Ary Barroso (Lumiar).

Em 1995 apresentou-se em espetáculo em homenagem a Carmen promovido pelo Lincoln Center, em Nova Iorque. Na opinião de muitos, teria sido a melhor voz entre as irmãs Miranda. O destino a fez, no entanto, iniciar no rádio à sombra do sucesso da irmã mais velha. Esse fato foi, de certa maneira, um entrave para sua carreira, já que a então jovem cantora se tornou alvo de inevitáveis comparações. Foi das cantoras que mais discos gravaram na década de 1930, depois de sua irmã Carmen Miranda.

AURORA NO CINEMA

Estreou no cinema, em 1935, trabalhando no filme Alô, Alô, Brasil, dirigido por Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro, no qual cantou Cidade maravilhosa, além de Ladrãozinho (Custódio Mesquita). No filme Alô, Alô, Carnaval, de 1936, dirigido por Ademar Gonzaga, cantou em dupla com Carmen Miranda, acompanhada pela Orquestra de Simon Bountman, a marcha Cantores de rádio (João de Barro, Lamartine Babo e Alberto Ribeiro) e sozinha, com acompanhamento do regional de Benedito Lacerda, o samba Molha o pano (Getúlio Marinho e A. Vasconcelos).


No desenho animado "Você Já Foi à Bahia?" ("The Three Caballeros"), de 1944, Aurora interpretou a irmã, atuando com Pato Donald e seus amigos, Zé Carioca e Panchito. Juntos, eles conhecem a América em um tapete voador. O desenho é considerado um dos ícones da evolução dos efeitos especiais no cinema. O desenho que marca a primeira aparição de Zé Carioca traz Aurora cantando "Os Quindins de Iaiá", de Ary Barroso. Para alguns estudiosos, havia na época um pacto entre o governo americano e Hollywood para a produção de filmes da "Política da Boa Vizinhança", estratégia visando o avanço da influência dos EUA na América Latina durante a presidência (1933-1945) de Franklin Roosevelt.

VIDA PESSOAL E MORTE

Em 1940 aos 25 anos casou-se com o comerciante Gabriel Richaid, de presente de casamento, sua irmã Carmen deu vestido de noiva bordado a ouro feito nos EUA, um gesto que iria lembrar para o resto de sua vida. Logo depois, o casal decidiu morar alguns anos nos Estados Unidos com Carmen Miranda. Voltou ao Brasil em 1952. Ficou viúva na década de 1990.

Aurora Miranda morreu às 15 horas do dia 22 de dezembro de 2005 no bairro carioca do Leblon. Maria Paula Richaid, filha da cantora, disse que a morte foi tranquila, provocada pelos problemas de saúde naturais da sua idade. Segundo Maria Paula, nos últimos três anos, Aurora foi perdendo progressivamente a vitalidade e a memória e, após uma pneumonia contraída há um ano e meio, "foi se apagando". Foi sepultada no Cemitério São João Batista, próximo ao túmulo de Carmen.

Fonte: Wikipedia

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Centenário de Gilberto Alves

Gilberto Alves Martins, "carioca da gema", como ele próprio dizia, nasceu no bairro de Lins de Vasconcelos no Rio de Janeiro, em 15/05/1915.

Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse trabalho. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer.

Gilberto Alves conheceu Jacob do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a frequentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas.

Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava. Um dia Almirante "A Maior Patente do Rádio" ouviu Gilberto Alves cantar, e o convidou a se apresentar na Rádio Club do Brasil, onde era o diretor artístico, além de um programa que fazia. Corria o ano de 1935, e, mesmo sem contrato, Gilberto Alves se apresentou por algum tempo no programa de Almirante, ganhando 30 mil réis por mês

É bom que se diga que na Rádio Club do Brasil, na mesma época, eram contratados Orlando Silva e Aracy de Almeida, com 70 e 50 mil réis por mês, respectivamente. Gilberto Alves permaneceu na Rádio Club do Brasil, por treze meses, cantando sem contrato, recebendo apenas cachê.

Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, hoje Rádio Bandeirantes, onde atuava no "Programa Carioca"programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel.


Gilberto Alves cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista,Marília e Henrique, atuando paralelamente em outras emissoras. O Souza Barros, diretor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, resolveu fazer um pesquisa para saber dos cantores novos, qual o de maior possibilidades de se tornar um grande cartaz no futuro, qual o mais promissor. Para isso determinou uma votação que foi feita entre os grandes da época. Votaram Francisco Alves, Carlos Galhardo, Sílvio Caldas,Saint Clair Senna, Moacir Fenelon, Bide, Marçal.

Gilberto Alves foi escolhido por unanimidade o cantor revelação, e assinou o seu primeiro contrato com a Rádio Tupi para fazer um programa semanal de ¼ de hora. Era o ano de 1939. E, pela primeira vez, Gilberto Alves se deu conta que era um cantor profissional, preso a uma emissora de rádio através de um contrato. Ele, que praticamente só cantava por prazer.

Gilberto Alves ficou na Rádio Tupi até o ano de 1948, quando então foi para aRádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas "Mulher Toma Juízo" (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e "Favela Dos Meus Amores" (Roberto Cunha), na gravadora Columbia.


Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, "Mãos Delicadas", além de "Duas Sombras", esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela gravadora Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi.

O primeiro grande êxito de Gilberto Alves junto ao público brasileiro foi a música"Tra La La" (Roberto Martins e Mário Rossi), lançada em 1940 pela gravadora Odeon. Depois veio, em 1941, "Uma Grande Dor Não Se Esquece" e "Sonhos de Outono"; em 1942, "Algum Dia Te Direi", "Gavião Calçudo" e "Pombo Correio", músicas de grande efeito e enorme vendagem de discos.

Nas gravações de Gilberto Alves, mesmo as mais antigas, cuja qualidade técnica deixa a desejar, o ouvinte tem condições de entender plenamente todas as palavras. Segundo as declarações do cantor, ele nunca tinha sequer sonhado em se tornar profissional do canto. Vivia cantando entre amigos e em rodas de samba. Primeiro porque o convidavam e, segundo, gostava muito. Mas nunca pensou em ser artista. Tudo aconteceu de forma natural.

Gilberto Alves ficou na gravadora Columbia por pouco tempo, transferindo-se a seguir para a Odeon, onde se firmaria como um dos maiores cantores brasileiros, dono de uma discografia de mais de 400 discos 78 rpm, além de diversos LPs.

Cada cantor do passado, mesmo sendo detentor de vários sucessos em suas apresentações fora do Rio de Janeiro, era praticamente obrigado a interpretar a música que o definia junto ao grande público. Com Francisco Alves este fato ocorria com "A Voz do Violão", com Carlos Galhardo, "Fascinação", com Sílvio Caldas, "Chão de Estrelas", com Vicente Celestino, "O Ébrio", e com Gilberto Alves "Algum Dia Te Direi", composição de Felisberto Martins e Cristóvão de Alencar.

Onde fosse, em qualquer parte do Brasil, o público pedia ou até exigia "Algum Dia Te Direi", a música com a "cara" de Gilberto Alves. A este seguiram-se outros sucessos, como "Natureza Bela" (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha "Cecília, No Carnaval" de 1943, e no ano seguinte o fox "Adeus", dos mesmos autores.

Em 1944 gravou "Despedida" (Tito Ramos), "Algum Dia Te Direi" (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), "Sinfonia Dos Tamancos" (Roberto Martins) e"Capital Do Samba" (José Ramos). No ano seguinte, deixou a gravadora Odeon e foi para a RCA Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco "Rosa Maria"(Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional.

Em 1949 Gilberto Alves casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão.

Em 1975 completou quarenta anos de carreira. Nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada Velha Guarda.

Uma particularidade de Gilberto Alves era sua prodigiosa memória. Quando morava no Rio de Janeiro, depois de se aposentar em 1970 da Rádio Nacional e, posteriormente, em Cezário Lange, pequena cidade do interior paulista, onde viveu seus últimos anos, sempre era convidado a participar das serestas quando estas ocorriam. Nestas ocasiões, sempre lhe pediam que cantasse aquelas músicas antigas com letras quilométricas e, às vezes rebuscadas, que ele sabia de memória, mas não se lembrava de como as tinha aprendido. Devia ser coisa de sua infância, pois ele não tinha ideia de como tomara conhecimento delas.

Pelo temperamento alegre e sempre disposto a uma boa brincadeira, Gilberto Alves era um alvo predileto de "gozações" de seus amigos do meio radiofônico. Sílvio Caldas, por exemplo, dizia que o cabelo de Gilberto Alves era"penteado a metralhadora", tal o número de ondulações que possuía, por ser muito crespo. Gilberto Alves retrucava chamando Sílvio Caldas de "saci", pelo fato dele ser extremamente magro e muito experto, "elétrico" mesmo, além de apelidá-lo de"rompe-fronha", por possuir cabelo crespo e duro.

Além do grande cantor que foi, possuidor de uma das mais belas e expressivas vozes do nosso cancioneiro, Gilberto Alves era ainda um estudioso da nossa música popular, possuindo uma enorme coleção de discos de chorinho, gênero que adorava.
Foi sepultado no Cemiterio de Inhauma no Rio.

Fonte: Letras Via Famosos que Partiram